Por Joaquim Ferreira dos Santos*
No dia em que eu
conheci o Marcello Mastroianni, durante a filmagem de “Gabriela” em Paraty, ele
tomou um gole de cachaça, acompanhou com os olhos o corpo de uma mulher que
passava e disse “Mamma mia”.
No dia em que eu
conheci o poeta Ricardo Chacal, declamei o seu “melecas as tenho em várias
cores e feitios, mas não estão à venda, durmo com elas”, e ele ficou muito
impressionado, não era a intenção da obra, que eu recitasse o poema quando
queria ver Irene, minha filha de 3 anos, dar sua risada.
No dia em que eu
conheci o policial Mariel Mariscotte, ele na verdade já estava morto, o corpo
todo perfurado de balas à minha frente, no Instituto Médico Legal, e eu me pus
pacientemente, como tinha sido pautado pelo chefe de reportagem, a contar
quantos furos de bala o cadáver tinha. Cheguei a 39, mas n ão foi um número
conclusivo porque o responsável pelo presunto se negou peremptoriamente a
virá-lo de costas para eu continuar minha abnegada apuração dos fatos, quer
dizer, dos furos.